terça-feira, 3 de novembro de 2009

CRIAR TAMBAQUI

INTENSIVA

Essa criação é realizada em viveiros projetados especialmente com o fim de se criar peixes. Os viveiros possuem sistema de abastecimento e escoamento controlados e são povoados com peixes de valor comercial, a taxa de estocagem é programada como manda uma criação comercial de alta produtividade e, para aumentar o crescimento dos peixes usa-se, além da fertilização, a ração balanceada. Para a criação ser economicamente viável, a ração deve proporcionar elevada conversão alimentar capaz de promover um crescimento rápido, e o peixe, por sua vez, deve alcançar alto valor de mercado.

Os parâmetros ligados à qualidade da água nos viveiros devem ser monitorados através de equipamentos próprios. Considerando a taxa de estocagem a ser utilizada, necessário se torna a renovação periódica - geralmente à noite - da água do viveiro ou a utilização de aeradores para elevar o nível de oxigênio dissolvido

A produção estimada é de 10.000 a 15.000 kg de peixe por hectare/ano.

PERDEM PESO E ENFRAQUECEM


O alimento artificial deve ser administrado diariamente na quantidade de 3-5% da biomassa dividido em duas refeições, durante pelo menos 5 dias por semana, de preferência no mesmo local e às mesmas horas do dia (pela manhã e final da tarde).

A quantidade de alimento a ser administrado é calculada através da biometria mensal de uma amostra da população de peixes de um viveiro, que são capturados através da utilização de rede ou tarrafa.

Quando da utilização de subprodutos na alimentação, o piscicultor deve observar a quantidade ofertada e a quantidade consumida, de modo que não haja excesso de alimento artificial no viveiro de um dia para o outro pois o acúmulo de matéria orgânica traz mais desvantagens do que vantagens.

A forma de preparo dos alimentos e a sua distribuição são fatores importantes.

Para pós-larvas e alevinos a ração, em forma de farinha, deve ser distribuída ao longo das margens dos viveiros.

Para peixes de 10 a 50 gramas, as raízes, grãos, verduras, frutas e sementes devem ser oferecidas em pequenos pedaços de modo que o peixe possa abocanhar.

Uma boa prática é deixar as sementes, raízes e grãos de molho pelo menos 24 horas antes da distribuição.

Taxa de Estocagem nos Viveiros

O número de alevinos adequado para se povoar um viveiro depende de diversos fatores dentre os quais destacamos os mais importantes:

• A boa qualidade do solo e da água

• Disponibilidade de adubo orgânico e inorgânico

• Disponibilidade de subprodutos na propriedade e de recurso para aquisição de ração

• Tipo de cultivo adotado considerando a produção final que deseja o piscicultor obter com seus peixes.

A densidade de povoamento dos peixes normalmente ocorre de acordo com o tipo de cultivo.

Cultivo extensivo - 1 peixe para cada 10m2;

Cultivo semi-intensivo - 5 peixes para cada 10m2;

Cultivo intensivo - 1 a 3 peixes por metro quadrado.

Na utilização de tanques-rede para criação de machos de tilápia são estocados de 50 a 100 alevinos/m3 em gaiolas de volume maior que 5m3. Para gaiolas pequenas (mais eficientes por unidade de volume devido a maior facilidade para a troca de água) a taxa de estocagem pode chegar até 300 alevinos/m3. A produtividade varia de 50 a 150kg de tilápias/m3.

Espécies Recomendadas ao Cultivo

• Carpa Comum (Cyprinus carpio)



Seu regime alimentar é omnívoro, alimentando-se de zooplâncton na fase juvenil e animais de fundo - minhocas, larvas de insetos, detritos etc. - quando adulta. Em um ano de cultivo atinge peso médio de 1,0kg. No sistema de policultivo, se adapta bem com o tambaqui, a carpa capim, a carpa prateada e a tilápia.

• Carpa Prateada (Hypophthalmichthys molitrix)



Alimenta-se das menores algas do viveiro e somente consome alimentos artificiais quando na forma farelada. Sua alimentação é incrementada através da adubação. Em policultivo, se adapta bem com a carpa comum e o tambaqui. Alcança com um ano de vida peso aproximado a 2,0kg.

• Carpa Cabeça Grande (Aristichthys mobilis)

Alimenta-se de algas em colônias, rotíferos e pequenos microcrustáceos . Cresce bem junto a carpa prateada, a curimatã e o tambaqui. Atinge cerca de 2,0kg com um ano de cultivo.

• Carpa Capim (Ctenopharyngodon idella)



É um peixe herbívoro que consome não somente as plantas aquáticas mas também gramas e capins verde e fresco (não seco). É um peixe de piracema. Excelente produtor de adubo orgânico - pode consumir diariamente de 30 a 80% do seu peso. Alcança cerca de 1,8kg com um ano de cultivo.

• Curimatã Pacu (Prochilodus marggravii)



É um peixe lodófago e seu alimento natural constitui-se de matéria orgânica em decomposição ou de plantas e pequenos animais que vivem aderidos em pedras ou qualquer outro substrato no fundo do viveiro. Pode ser usado no policultivo com carpa prateada, carpa cabeça grande e tambaqui. Alcança com um ano de cultivo 1,0kg.

• Tambaqui (Colossoma macropomum)

A alimentação principal do tambaqui é constituída por microcrustáceos planctônicos e frutas. Come também algas filamentosas, plantas aquáticas frescas e em decomposição, insetos aquáticos e terrestres que caem na água, caracóis, caramujos, frutas secas e carnosas e sementes duras e moles. Nos viveiros os tambaquis podem ser alimentados com frutas, tubérculos, sementes e rações peletizadas e extrusadas. O tambaqui alimenta-se rápido e agressivamente, não dando tempo para outros peixes comerem, no entanto, em sistema de policultivo pode ser cultivado junto com a curimatã, carpa comum, carpa prateada, carpa cabeça grande e carpa capim. Atinge peso médio de 1,5kg em um ano de cultivo.

Despesca

É a colheita ou retirada dos peixes dos viveiros ao alcançarem o peso de mercado ou de consumo.

A despesca pode ser parcial - quando se retira o peixe a ser comercializado com rede de arrasto e total - quando o viveiro é totalmente esvaziado e o peixe coletado no final.

A drenagem do viveiro deve ser feita lentamente, de modo a provocar o refúgio dos peixes na parte mais profunda reduzindo o tempo em que os mesmos ficam em contato com a lama do fundo.

Os viveiros devem ser secos anualmente para manutenção e assepsia.

MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO DO PESCADO

O pescado é um produto que se decompõe em um curto espaço de tempo e a velocidade de deterioração depende de vários fatores:

- Temperatura;

- Método de captura;

- Espécie de peixe trabalhada;

- Manuseio

A conservação do pescado tem por objetivo retardar o processo de deterioração e torná-lo disponível durante todo o ano em diversas localidades onde se faça presente o mercado consumidor.

• Resfriamento

É o método mais simples de conservação. Os peixes e o gelo devem ser armazenados em camadas alternadas de modo que um peixe não toque em outro nem nas paredes da caixa coletora.

• Congelamento

Embora seja um dos métodos mais eficientes, é pouco utilizado para peixes de água doce pela necessidade de armazenamento em túnel de congelamento.

• Salga

Método utilizado para preservar o pescado através da penetração do sal no interior dos tecidos musculares, reduzindo a quantidade de água presente e inibindo a atividade bacteriana.

• Defumação

O pescado é submetido a um tratamento térmico de modo a perder toda a água contida nos tecidos e ao mesmo tempo receber partículas de fumaça que lhe conferem gosto, aspecto e proteção especial.

BENEFICIAMENTO

Inúmeras são as formas de beneficiar as espécies atualmente mais trabalhadas na piscicultura brasileira, destacamos entre elas:

· Peixe inteiro eviscerado

· Peixe em posta

· Filé de peixe

· Peixe defumado

· Fishburguer

· Costelinhas, almôndegas e quibe

· Patê congelado e defumado

· Peixe salgado

· Caldo de peixe.

Do peixe ainda podemos beneficiar as peles através do curtimento, produzir a farinha de peixe e extrair a hipófise - glândula sexual utilizada no estímulo à propagação artificial de peixe de piracema.

COMERCIALIZAÇÃO

Os peixes podem ser comercializados "in natura" nas feiras livres ou diretamente para áreas de lazer e pesque-pague. Quando beneficiado, o pescado pode ser comercializado junto a bares, lanchonetes, restaurantes, hotéis e supermercados.

BIBLIOGRAFIA

BOYD, C.E. Water quality in warmwater fishponds. 3 ed. Auburn: Auburn University, 1984. 344p.

HONDA, E.M.S. Contribuição ao conhecimento da biologia de peixes do Amazonas. Alimentação do tambaqui, Colossoma bidens (Spix). Acta Amazonica, v.4, n.2. p.47-53. 1974.

PRIETO, A . Manual para la prevenciión y el tratamiento de enfermedades en peces de cultivo en agua dulce. Santiago: ONU/FAO, 1991. 65p.

WOUNAROVICH, E., HORVATH, L. A propagação artificial de peixes de águas tropicais. Manual de Extensão. Brasília - DF.: FAO/CODEVASF/CNPq., 1983. 220p.

BOYD, C.E. 1990. Water Quality in Ponds for Aquaculture. Birmingham Publishing Co., First printing, Alabama. 482p.

Marta Emilia Moreno do Rosário Caldas

Bióloga, Mts. CEPLAC/CENEX

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